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Folha de São Paulo: Com medo de desabamentos, moradores de Pedra Preta dormem fora de casa





Os mais de 500 tremores de terra ocorridos nos últimos 15 dias mudaram a rotina de Pedra Preta, município de 2.600 habitantes na região central do Rio Grande do Norte. Assustado, Cícero Avelino, 60, está dormindo há quase uma semana na carroceria de seu caminhão, que fica estacionado no quintal de casa e é usado durante o dia para fazer fretes. Com ele, deitam a mulher, um filho, a nora e três netos.

“Moro em Pedra Preta desde que nasci e nunca vi nada igual. Se pudesse já tinha trocado de casa ou de cidade, mas não dá. O jeito é torcer para que esses terremotos parem e que nada de mal aconteça”, diz ele, que passou a deixar as portas de casa sempre abertas para facilitar a saída em emergências.Na segunda-feira, uma equipe formada por psicólogos, acupunturistas, enfermeiros e educadores físicos serão enviados à cidade para atender a população e conversar sobre o fenômeno.

Pelas ruas, verão muitas rachaduras –algumas de grandes proporções– nas casas. Na quadra de esportes, uma fenda se abriu em uma arquibancada. A prefeitura interditou o local.

O maior tremor, até agora, teve magnitude de 3,7 graus da escala Richter (que vai até 7), segundo dados do Laboratório de Sismologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).A Defesa Civil do Estado diz que não há motivo para alarde, mas, mesmo assim, os moradores foram orientados a sair de casa se houver novos abalos sísmicos, devido à imprevisibilidade da magnitude do fenômeno.A comerciante Miriam de Lima, 45, teme que sua casa não aguente novos episódios. “Não tenho condições de consertar o estrago nas paredes.”

A dona de casa Marta Cavalcante, 41, moradora do distrito Toco Preto, próximo ao terreno de Avelino e região do epicentro dos tremores, diz que “a sensação é que a terra está se abrindo”.”É muito assustador. O jeito tem sido dormir na varanda, mas sempre com o medo que aconteça tudo de novo”, afirma.Nas escolas, a ordem é liberar todos os alunos em dia de tremores. Professor de uma escola estadual, Gercino Bezerra conta que aproveitou a situação para ensinar “o que motiva esse tipo de movimentação” para os estudantes.

Segundo o prefeito Luiz Antonio Bandeira (Pros), todas as providências necessárias estão sendo tomadas. “Não tiro isso um minuto da cabeça. Estamos fazendo levantamentos para tirar as pessoas de áreas de risco. Estão todos muito assustados.”



fonte/imagem: Blog do JP.