Sete famílias vivem em situação extremamente precária no sítio Siriema, município de Uiraúna, no Alto Sertão paraibano, principalmente porque elas não têm condições de construírem casas de alvenaria e estão há pelos menos 16 anos morando em residências de taipa, aguardando alguma ação por parte do poder público municipal.
Devido ao ambiente insalubre das casas, os moradores enfrentam problemas de saúde de toda ordem. O pior deles é a doença de chagas. Para se ter uma ideia, no momento em que a TV Diário do Sertão produzia uma reportagem no local, vários “barbeiros” foram encontrados dentro e nos arredores das residências.
Segundo dona Francisca, moradora do sítio, representantes da prefeitura já foram algumas vezes na comunidade e prometeram que as casas de alvenaria seriam construídas, mas a promessa nunca foi cumprida.
“Até agora nada. A gente espera que com essa reportagem, ajeitem para ver se a gente tem uma casinha melhor porque no inverno é sofrimento”, disse a idosa.
A agente comunitária de saúde Maria Claudia revela que o índice de casos suspeitos de doença de chagas preocupa bastante. Ela conta que recentemente uma criança de apenas seis meses de idade teria falecido apresentando sintomas da doença.
“Essas pessoas frequentemente mandam me chamar para me entregar vários ‘barbeiros’. Aqui as casas são lotadas de ‘barbeiros’. O pior problema é a doença de chagas”, ressaltou.
O agricultor Manoel Messias, pai de três filhos – um ainda por nascer -, chora ao mostrar à reportagem as condições da sua casa e clama por ajuda.
“Aqui a nossa situação é precária. Nós mora [sic] nessas casas de taipa caindo o barro. Quando chove, é molhando tudo. Às vezes eu vou dormir pensando nas crianças, nos ‘barbeiros’, algumas coisas. Tem noite que eu choro.”
Prefeitura diz que espera pela Funasa
A procuradora adjunta do município de Uiraúna, Elicely Cesário, disse que a prefeitura ainda não resolveu o problema das famílias do sítio Siriema porque está aguardando que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) lance novo edital de contratação de empresa para construir casas de alvenaria dentro do programa de combate à doença de chagas.
Segundo ela, a fundação estava construindo residências há alguns anos, mas a empresa contratada foi barrada pela Operação Andaime. Com isso, as obras pararam e desde então não foi aberto novo edital.
“O Ministério Público Federal orientou que o município procedesse à devolução do que ainda existia em caixa porque não dava para concluir o objeto do contrato. Desde então não houve mais contemplação de projeto junto à Funasa para a construção de unidades habitacionais para a questão do controle da doença de chagas”, justificou.