Na Semana do Meio Ambiente, chama a atenção o fato de que no Rio Grande do Norte um dos bens mais preciosos do mundo, a água é desperdiçada de forma absurda.
Desperdício, falta de manutenção da rede de abastecimento e muito vazamento, fazem com que a cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída no Rio Grande do Norte, 50 litros não cheguem ao destino final. O dado faz parte de um estudo do Instituto Trata Brasil com a GO Associados, obtido pelo G1 e divulgado na última quarta-feira (5).
Ainda de acordo com o estudo, grande parte da perda de água acontece principalmente por problemas de vazamentos, ligações clandestinas e falhas de leitura de hidrômetro.
A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) confirmou a perda de 49.9% da água que ele destina aos consumidores. Segundo a Caern, o percentual se divide em “perdas físicas”, como os vazamentos, e em “perdas comerciais ou aparentes”, que se referem à “água que foi consumida, mas não foi faturada e não gerou receita”, como ligações clandestinas e fraudes.
Ainda de acordo com a Caern, as perdas comerciais ou aparentes representam cerca de 33% do total. Os outros 67% são “questões técnicas de vazamentos”.
Para combater as perdas operacionais, a Caern diz que trabalha “em controles de pressão, macromedição, substituição de ramais e de redes de água, pesquisa e combate a vazamentos”. Já com as perdas comerciais, a companhia tem feito “instalação e substituição de hidrômetros, atualização cadastral e intensificação da fiscalização para combate a fraudes e ligações clandestinas”.
A companhia trabalha também atualização cadastral dos clientes e investimento em uma plataforma de inteligência artificial voltada “para a seleção otimizada dos medidores para troca” e para “otimizar a identificação dos fraudadores”, que entrará em operação no próximo mês.
A Caern aponta ainda que hidrômetros antigos medem abaixo do consumo real, o que contribui com o aumento no número registrado na perda de água.
Estados do Norte e Nordeste lideram desperdício de água
O Estudo aponta ainda que em todo o país, oito estados perdem metade ou mais da água que produzem.
Desse total, cinco estão no Norte e três, no Nordeste, regiões que, historicamente, apresentam os piores índices de saneamento do Brasil.
Enquanto 83,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada, a média da região Norte para o mesmo indicador é de 57,5%. A do Nordeste é a segunda pior, com 73%. Em relação ao acesso à coleta de esgoto, a situação é ainda mais grave: apenas 10,2% da população do Norte e 26,9% da do Nordeste são atendidas, contra a média nacional de 52,4%.
O recordista em perda de água é Roraima, com 75%. Em seguida, estão Amazonas (69%) e Amapá (66%).
Considerando o país, a média de perda de água potável é de 38%. Isso representa uma perda de 6,5 bilhões de m³ de água, o equivalente a mais de 7 mil piscinas olímpicas por dia. Em termos financeiros, segundo o estudo, a perda de faturamento custou para o país R$ 11,3 bilhões em 2017, valor superior ao total de recursos investidos em água e esgoto no Brasil no ano (R$ 11 bilhões).
O estudo utiliza os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2017.
G1 RN