Dois meses após assumir o cargo
de prefeito de Rodolfo Fernandes, que tem cerca de 4,4 mil moradores, o
empresário Francisco Wilton Cavalcante Monteiro, mais conhecido como Lilito
Monteiro, de 50 anos, entregou uma carta de renúncia à Câmara Municipal do
município da região Oeste potiguar nesta quarta-feira (3).
Efetivamente, o prefeito passou
menos de um mês na gestão, porque havia pedido licença para tratar da Covid-19
ainda em janeiro. Ele voltou ao cargo no último dia 2, porém anunciou a
renúncia. Em comunicado à população, ele atribuiu a desistência à situação
econômica do município.
Quem assume o cargo é o vice-prefeito,
José Flávio Morais, conhecido como Flávio de Tico (MDB). Eleita com 1.932
votos, que representaram 53,% dos votos válidos, a chapa venceu outras duas
concorrentes em outubro de 2020.
No comunicado, Lilito afirmou
que, apesar de ter recebido a missão de "defender os interesses coletivos,
a vida, a saúde e o bem-estar do povo de Rodolfo Fernandes", teme não ter
os "meios financeiros, orçamentários, operacionais e humanos para cumprir
essa tarefa" e causar decepção.
Não basta o gestor ter elevado
espírito público, nem ser um sonhador como eu. Precisa ter a coragem de ignorar
as carências e conviver com as limitações e negações. E isto eu sei que não
saberei fazer
— Lilito Monteiro, ex-prefeito
O G1 tentou entrar em contato com
o agora ex-prefeito, mas um dos três filhos, Antônio Monteiro, afirmou que o pai
viajou e não quer dar entrevistas.
Crise nos pequenos municípios
Na nota à população do município,
o prefeito ainda afirmou que pequenos municípios, como Rodolfo Fernandes, vivem
exclusivamente de repasses financeiros do Governo Federal por falta de receitas
próprias.
"Devido à crise econômica, a
pandemia e outros episódios cíclicos, com a limitação de recursos públicos, o
Governo Federal está implementando alteração nesses repasses, prometendo adoção
de ajustes fiscais, alteração de direitos sociais e outras garantias de
benefícios que foram incorporados à sociedade por dura luta popular",
afirmou.
"Nesse exato momento em que
a sociedade brasileira se entrega à tarefa coletiva de reavaliação agônica de
seus rumos econômico, social e político, o gestor não basta ter elevado
espírito público, nem ser um sonhador como eu", pontuou.
Na carta enviada à Câmara, o
prefeito também afirma que a decisão de renúncia foi fruto de "uma
profunda reflexão pessoal", maturada em "noites de insônia", e
afirmou que não tem relação com pessoas, estruturas partidárias e políticas, ou
a qualquer causa administrativa e funcional.
O empresário tem uma
distribuidora de medicamentos e material hospitalar, é casado e pai de três
filhos. Lilito já havia se candidatado a prefeito em 2012, mas não foi eleito
na ocasião.
G1 RN
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