De uma quadra em Riacho de
Santana, município de pouco mais de 4 mil habitantes no interior do Rio Grande
do Norte, para uma Copa do Mundo de futebol.
Esse foi o caminho trilhado, a passos firmes, por Antonia Silva, hoje com 29 anos de idade, a única potiguar entre as jogadoras do Brasil no mundial da Austrália e da Nova Zelândia, que começa nesta quinta-feira (20).
"Ela nunca pensou em desistir da carreira. E as dificuldades foram muitas, todo mundo sabe a realidade do futebol feminino. Graças a Deus ela venceu e hoje está aí", comemorou o irmão Roniédson Silva.
Nos mais de 15 anos de
trajetória, Antonia trocou os tênis das quadras do futsal pelas chuteiras dos
gramados, onde evoluiu de forma meteórica. Em um ano de profissional no campo,
teve a primeira convocação para a Seleção Brasileira, onde viria a se consolidar
tempos depois.
O nome em campo também mudou. A adolescente chamada de Ronnycleide, seu segundo nome, pelas companheiras e pelo técnico em Riacho de Santana se firmou no cenário da bola nacional e internacional como Antonia, a zagueira e lateral-direita, que vestirá a camisa 2 do Brasil na Copa e com boas chances de ser titular.
A Seleção Brasileira chegou a Brisbane, na Austrália, nesta semana. E ao pisar na Oceania, Antonia também faz história pelo futebol do RN: ela se torna apenas a segunda jogadora potiguar a disputar uma Copa do Mundo. Antes dela, a atacante Suzana jogou o mundial de 1999, há 24 anos, nos Estados Unidos.
O começo
Antonia deu os primeiros passos
na carreira nas quadras de futsal em jogos interclasse em Riacho de Santana.
Quando passou a estudar na Escola Estadual Professora Maria Angelina Gomes,
teve a chance de disputar os Jogos Escolares do RN (Jerns), sendo bicampeã
invicta do futsal feminino, em 2007 e 2008.
"Ela se destacava e muito. Muito nova já, desde criança, já demonstrava um potencial acima da média. E não era tão comum nessa região meninas jogarem bola. Ela começou a despontar jogando entre os meninos e se sobressaía", contou o primeiro técnico dela, Jandeilmo Cleidson, conhecido como Cleidão.
O treinador lembra que o time era
tão bom que costumava ganhar "fácil" a maioria das partidas. Mas na
final do Jerns de 2007, teve a goleira expulsa e o jogo empatado em 2 a 2 foi
para prorrogação.
Ele conta que as jogadoras estavam "tensas e chorando" e aproveitou um momento de atendimento a uma jogadora adversária para conversar com as atletas.
"Ronnycleide [Antonia] estava aparentemente bem tranquila, focada, parecia que estava jogando bola no terreiro da casa do pai dela. O que consegui foi dizer para as meninas: 'joga a bola na Ronnycleide, que ela vai resolver'".
E resolveu com um gol olímpico. Depois, com mais uma bola na rede para selar o 4 a 2 e o título.
Por conta da conquista, o time foi recebido com festa na pequena cidade de Riacho de Santana, com direito a carreata e carro de som. Anos depois, aquela cena se repetiria em outras proporções: quando a jogadora conquistou a Copa América de 2022
'Passava o dia no ginásio'
O primeiro contato de Antonia com
a bola de futebol foi por influência do pai, Edilson Silva, conta o irmão
Roniédson.
"Ele sempre foi envolvido com futebol, sempre gostou de jogar no amador. E os times se organizavam antes de jogar lá na casa do meu pai. Ela pegava uma bola, ficava batendo e dali surgiu a vontade", contou.
G1 RN
0 Comentários
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opiniões de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião do Portal Rafael Fernandes.