Um projeto científico que pode
mudar a realidade da produção de castanha de caju em Severiano Melo, no Alto
Oeste potiguar, já causou grandes mudanças na vida da estudante Alicia Neianny
Pereira Paiva, de 18 anos, que cursa o 3º ano do Ensino Médio em uma escola
pública do município.
A potiguar recebeu menção honrosa e ganhou uma bolsa de estudos em Nova York, nos Estados Unidos, após apresentar seu projeto de inseticida natural que combate a praga da mosca-branca em um evento internacional, em junho.
"O projeto é bem simples, porém muito importante para nossa região, pois nosso principal empregador é a cajucultura", afirma a estudante.
A proposta da estudante era
desenvolver um produto que não causasse danos ao meio ambiente e fosse mais
barato do que os inseticidas convencionais. A ideia deu certo e resultou em um
inseticida feito com base nos extratos de alho e pimenta, além de
emulsificante. A aplicação é feita com um litro de produto diluído em 400
litros de água, pulverizado sobre a folha das plantas.
Alícia relata que o projeto
contou com a parceria de seu marido, que também se tornou coorientador da
pesquisa. Vicente Costa é empresário do setor do agronegócio e pesquisador.
Junto com o companheiro e a professora de química da Escola Estadual Severiano Melo, Maira Cíntia Lucena Melo, Alicia começou a desenvolver seu projeto no início de 2022.
"O produto se chama Bioallium. Utilizamos esse nome pois sua principal composição é o alho. Ele elimina a mosca branca, o ovo, a ninfa que é o estágio inicial, e o inseto adulto. As principais formas de combater é pelo contato direto, pela ingestão do produto pelo inseto e o desalojamento do inseto pelo forte cheiro gerado pela pimenta", explica.
Ainda de acordo com ela, o produto não deixa resíduo. "A aplicação pode ser feita durante o período da manhã e da tarde. O resultado pode ser visto de forma imediata. O controle chega a ser de 96% dos insetos adultos e 92% das ninfas e ovos", diz.
Feira internacional
Com o produto desenvolvido, a
estudante participou de feiras científicas nacionais e também se inscreveu na
Genius Olympiad, que aconteceu entre os dias 12 a 16 de junho, em Rochester,
Nova York, com mais de 500 projetos de todo o mundo. O projeto científico de
Alícia levou a estudante do interior potiguar à sua primeira viagem de avião.
"Apresentei o projeto em inglês para quatro avaliadores, que nos deram a menção honrosa e uma bolsa para estudar no Instituto Técnico de Rochester, em Nova York. Os avaliadores deram dicas para melhorar a ideia, sem falar no intercâmbio que foi maravilhoso. Inclusive dividi meu quarto com uma estudante da China. Pediram para a gente fazer novas aplicações e estudar uma forma de construir um indústria, até mesmo para exportar o nosso produto para outros países", relatou.
Alícia conta que tem objetivo de aproveitar a bolsa e está trabalhando junto com o marido para que isso aconteça. O casal tem um filho de 1 ano e 4 meses.
De acordo com a estudante, a bolsa dá direito a quatro anos de estudos no Instituto Tecnológico de Rochester, com início em março de 2024. A instituição tem 21 cursos, praticamente todos disponíveis para a estudante. Ela revela que ainda não decidiu qual curso pretende fazer.
G1 RN
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