A Polícia Federal instaurou nesta
terça-feira 22 um inquérito para investigar as causas do apagão que atingiu
todas as regiões do país na última terça (15). A investigação, sigilosa, vai
apurar possíveis crimes de sabotagem e atentado contra a segurança de serviço
de utilidade pública.
A PF deverá ouvir diferentes
atores ligados ao incidente, como representantes da Eletrobras e do ONS
(Operador Nacional do Sistema Elétrico).
O apagão interrompeu o fornecimento de 18,9 mil MW de carga –o necessário para afetar cidades de 25 estados e o Distrito Federal. A exceção foi Roraima, que não está no SIN (Sistema de Integração Nacional).
Com a falta de energia, aulas
foram suspensas por todo o país, semáforos ficaram desligados e hospitais e
outras instituições de saúde suspenderam consultas, exames e outros
procedimentos.
Na última quinta-feira (17), o ONS informou que o relatório final sobre o apagão só ficaria pronto em 45 dias. O operador diz que o sistema está sendo operado “em condições mais conservadoras” após o apagão, para garantir a segurança do atendimento, seguindo protocolo previsto após ocorrências deste tipo, até que sejam verificadas as causas.
O que se sabe até agora é que o chamado evento zero, que deu início ao apagão, ocorreu numa linha de transmissão entre o município de Quixadá e a capital Fortaleza.
A frequência da linha caiu e o
sistema de proteção falhou, disseminando a falha. Um incidente do gênero, em um
ponto como este, porém, não deveria deflagrar um apagão com escala nacional,
segundo especialistas.
Explicações incompletas e a demora na divulgação do relatório abriram espaço para uma guerra de narrativas entre consultores, políticos e segmentos do setor energético.
Uma ala de especialistas afirma que ainda será descoberto que houve falha em alguma subestação, como Imperatriz (MA) ou Xingu (PA).
Outro segmento, mais ligado a
hidro, já cogitam que o próprio ONS pode ser parte do problema por privilegiar
o fornecimento de energias renováveis.
Candidato a presidir a Petrobras no governo Jair Bolsonaro (PL), o consultor Adriano Pires escreveu em uma rede social que a lição do apagão é que “não devemos abrir mão de térmicas”: “Nesse momento de transição energética é uma estupidez ficar refém da natureza com a geração eólica e solar”, escreveu.
O governo federal passou a usar o apagão como munição contra a privatização da Eletrobras. No mesmo dia da falta de luz que atingiu a maior parte do país, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, foi às redes sociais para ligar a desestatização da empresa à queda de energia.
“A Eletrobras foi privatizada em
2022. Era só esse o tuíte”, escreveu a primeira-dama, em letras com caixa alta.
Assim como Janja, o líder do
governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), também
culpou a venda do controle da empresa.
“A conta da privatização
irresponsável da Eletrobras chegou: apagão em 25 estados e no DF. Em 2020,
vivemos as consequências criminosas da privatização no setor elétrico no Amapá
-foram 22 dias de apagão, que afetou comércio, serviços, hospitais e escolas,
gerando prejuízos incalculáveis a toda a população”, escreveu o senador.
O discurso também foi seguido pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O apagão da semana passada durou cerca de seis horas, período superior a eventos semelhantes ocorridos em governos passados, como o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
AGORA RN
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