O Ministério Público do Rio
Grande do Norte (MPRN) obteve decisão judicial determinando o bloqueio de R$
8.220.043,01 nas contas do Estado. A quantia deve ser revertida integralmente
ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel para o abastecimento de medicamentos,
insumos e material médico cirúrgico. O valor também se destina ao pagamento de
dívidas de 2022 e 2023 junto a fornecedores.
No pedido de bloqueio, o MPRN
apontou que o orçamento requerido pelo hospital à Secretaria Estadual de Saúde
Pública (Sesap) para a compra dos itens mencionados alcançava o valor de R$
45.498.672,37, quantia que, se dividida em 12 parcelas ao ano, daria uma média
de R$ 3.791.556,031 mensal. O montante ainda inclui despesas com a manutenção
dos contratos vigentes. No entanto, desde a abertura do orçamento de 2024, foi
repassada a unidade de saúde somente a quantia de R$ 6.633.585,27 para o
período de janeiro a maio do corrente ano. O valor é insuficiente uma vez que
os dados da unidade demonstram que as contas chegam a R$ 18.957.780,16.
O Ministério Público detectou
também que, em razão desse baixíssimo repasse orçamentário, o Walfredo Gurgel
não consegue quitar os restos a pagar de exercícios anteriores. Desta maneira,
solicitou e teve acatado pelo Juízo da Comarca o bloqueio de R$ 8.220.043,01
nas contas do Governo do Estado.
A cifre é equivalentes à soma dos
montantes inscritos em restos a pagar, respectivamente R$ 4.811.980,00 e R$
3.408.063,01, decorrentes de obrigações contraídas com fornecedores em 2022 e
2023 e que não foram quitadas pela indisponibilidade financeira por parte do
Estado.
Inspeção ministerial no Walfredo Gurgel
O MPRN constatou a realidade ao
fazer uma inspeção na unidade hospitalar em abril de 2024 para apurar as causas
do desabastecimento de medicamentos e insumos médicos hospitalares. Na ocasião,
também foram obtidos dados sobre os custos operacionais e as estatísticas de
atendimento do Walfredo Gurgel.
Foram verificados os abastecimentos de materiais médico-hospitalares (luvas, gazes, ataduras, e outros), medicamentos (antimicrobianos, dipirona e outros) e saneantes (sabão). Em relação a sabão, luvas, álcool gel, dipirona e antibióticos, o hospital estava relativamente provido. Porém, apresentava falta de alguns desses itens essenciais.
Atendendo requerimento do MPRN, o
hospital apresentou documentos sobre o efetivo abastecimento. Segundo os dados
da direção do hospital, dos 700 itens cadastrados ativos 79 estão com estoque
zerado, de modo que a unidade hospitalar apresenta um percentual de 11% de
desabastecimento. Desses 79 itens faltantes, 53 itens apresentam baixo impacto
na assistência uma vez que é possível a sua substituição por outros em estoque;
enquanto 22 apresentam médio impacto e 4 itens apresentam um alto impacto na
assistência (todos passíveis de substituição).
Redução de investimento
O MPRN constatou ainda, através
de dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS),
que o Rio Grande do Norte tem reduzido desde 2021 o percentual mínimo de gastos
em saúde, na contramão do que os demais Estados do Nordeste têm feito
(ampliação dos investimentos em saúde). Em 2023, o RN se tornou o Estado
nordestino que menos investe em saúde, chegando próximo de descumprir o
percentual mínimo em saúde, que é de 12%.
Fonte: Agora RN
0 Comentários
Sua opinião é importante! Este espaço tem como objetivo dar a você leitor, oportunidade para que você possa expressar sua opiniões de forma correta e clara sobre o fato abordado nesta página.
Salientamos, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente condizem com a opinião do Portal Rafael Fernandes.