No total, após o projeto, haverá no estado 31 adutoras, das quais 20 serão ou totalmente novas ou ampliadas / Caern/Cedida |
Um novo programa desenvolvido
pela Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte (Caern) está
pretendendo construir e ampliar cerca de 20 adutoras no interior do estado para
aumentar a eficiência de distribuição de água potável. O “Águas para o RN”,
lançado nos 50 anos da Companhia, está orçado em R$ 1 bilhão de reais, dos
quais parte desse valor será captado via parceria público-privada.
De acordo com o
diretor-presidente da Caern Roberto Linhares, o projeto tem como objetivo
principal “universalizar a água em todo o estado do Rio Grande do Norte”,
priorizando os municípios que, atualmente, estão em colapso. “Universalização,
que a gente fala, é cobertura: chegar a água tratada e de qualidade para os
cidadãos que estão sob o contrato da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande
do Norte”.
Ainda segundo ele, essa
universalização ocorreria através da construção de novas adutoras e da melhoria
das já existentes, já que a rede de abastecimento de água nos municípios ocorre
com a coleta em reservatórios de superfícies ou subterrâneos e nos lençóis
freáticos. “A gente tem água, só não tem como distribui-la”, afirma Linhares.
De acordo com o projeto, a ideia
é ter em operação 31 adutoras, das quais 20 serão ou totalmente novas ou
ampliadas. A expectativa é de contemplar 102 municípios em todo Rio Grande do
Norte. “Depois que o projeto estiver pronto o estado ficará com um cinturão de
adutoras”, destaca.
Prioridades
As primeiras adutoras que estão
planejadas para serem construídas ficarão localizadas na região do Alto Oeste,
devido aos problemas com água na região. Entre os municípios de Apodi e Felipe
Guerra, a Adutora Expressa do Alto Oeste pegará água dos poços de um sítio
chamado “Carrasco”, e sairá distribuindo até Pau dos Ferros. Lá, a Adutora Polo
Serrano seguirá transportando para São Miguel, e depois para Venha-Ver.
No total, serão 34 municípios
beneficiados na região, com vários deles passando por colapsos d’agua (a
exemplo de São Miguel e Paraná). Ao todo, a expectativa é de que 335 mil
pessoas sejam contempladas com o fornecimento, das quais 105 mil, atualmente,
não tem água tratada. O diretor-presidente da Companhia aponta que R$ 143
milhões são planejados, sendo que o valor pode diminuir a depender de como
serão feitas as licitações de tubos, dutos, etc.
“A gente vai realizar essa
adutora com uma ‘locação de ativos’. Explicando de forma simples, é como se eu
precisasse de um prédio, mas você quem construiria, bancaria a construção e me
alugasse. Então, o privado faz a adutora, depois que pronta eu pago um aluguel
de 30 anos, e depois desse tempo ela fica no patrimônio da Companhia. Isso já
se faz em São Paulo, com a Sabesp, no Paraná, com a Sanepar, e até em Alagoas,
e queremos fazer também no Rio Grande do Norte”, explica.
Ainda segundo Linhares,
investidores já se demonstraram interessados no projeto, com quatro reuniões já
realizadas para se discutir o interesse no patrocínio e financiamento da obra.
Com todos os recursos de investimentos garantidos, a expectativa é de lançar a
licitação no início de 2020, e, com a licitação pronta, as obras das duas
adutoras terminam num período de 5 a 6 meses.
“Eu já tenho um esboço do
projeto, tenho a topografia, vou transformar isso no que a gente chama de
‘Projeto Base’; com ele pronto, o investidor vai saber se tem interesse em
investir ou não na construção do equipamento; com ele aceitando, a gente lança
o edital de licitação; e os que quiserem construir fazem a adutora para,
depois, começamos a pagar o aluguel”, ressalta.
Essas adutoras específicas vão
ser realizadas através desse método de “locação de ativos”, porque, segundo
Linhares, está “dentro do que a Companhia pode pagar”. Contudo, as demais ainda
dependerão de recursos financeiros do Estado ou da União. Tal dependência,
entretanto, pode diminuir com o sucesso dessa primeira experiência.
“O objetivo maior da Companhia é
se tornar eficiente e gerar resultado. Mas o lucro da Caern não pode ser
colocado onde o cidadão disser ou onde o Governo disser. Onde a Caern está, ela
faz o contrato com o município, sendo titular do serviço de saneamento, e nós
repomos através de obras de investimento naquele município que eu tenho a
receita. A receita adicionada daqui eu posso repor nos municípios em que a
Caern trabalha e está distribuindo água regularmente. Nós queremos ser
eficientes, gerar resultados e aumentar o lucro para, exatamente, poder fazer
um equipamento como essas adutoras do Alto Oeste, ou outras adutoras, ou até
obras de esgotamento sanitário para levar saúde e dignidade àquelas
comunidades”, completa.
Blog do JP