"Pelo que estamos vendo de
dados, o Rio Grande do Norte tem tudo para ser um dos primeiros estados do
Brasil a declarar que está saindo dessa pandemia. Eu acredito que a gente vai
ter um ano de 2022 muito promissor, mas precisamos fazer o dever de casa".
A declaração é do professor Ricardo Valentim, que coordena o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Apesar do otimismo, o pesquisador diz que o estado ainda vive um momento crítico e que "ainda não é hora de relaxar" as medidas de prevenção.
A previsão de um ano de 2022 mais próximo da normalidade anterior à pandemia da Covid-19 foi feita por ele durante entrevista ao Bom Dia RN, da Inter TV Cabugi, em que correlacionou a vacinação contra o coronavírus à redução do número de casos, de internações e também de pedidos de internações no estado.
"Essa redução que a gente
está observando no número de novos casos tem relação primeiro com a imunização.
Nós temos mais de 800 mil pessoas que tomaram pelo menos uma dose e mais de 400
mil que tomaram as duas doses - e quanto mais a gente vai se imunizando, maior
vai ser o impacto na rede assistencial. Deve entrar em conta também a população
que foi contaminada e se recuperou da doença", considera.
O professor apontou que a
proporção de idosos internados com Covid-19 caiu de 75% no meio de 2020 e está
abaixo de 30%. Junto com os trabalhadores da saúde, esse público foi o primeiro
a ser imunizado no estado.
A mesma tendência deverá se
estender ao restante da população com o avanço da vacinação, que já vem
apresentando resultados no público geral, de acordo com ele.
"Tivemos em maio mais de 30
mil novos casos, porém, o número de internações começa a cair no final do mês.
Há uma redução do número de novos casos, transmissibilidade e adoecimento e
também analisamos redução nos pedidos de internação. Por mais de 16 dias esses
pedidos vêm reduzindo", ponderou.
No dia 26 de maio, o Rio Grande
do Norte atingiu 156 pedidos de internação de pacientes com Covid-19 em 24
horas - o maior número registrado em toda a pandemia. Porém, desde então, os
pedidos vêm caindo e chegaram a 77 pedidos nesta quarta-feira (16), segundo o
professor.
"Quando a gente observa
esses dados, a gente já consegue ver o impacto da vacinação", pontua.
Outro fator para a previsão
positiva do pesquisador é o calendário divulgado pelo governo do estado que
prevê a vacinação de toda a população potiguar com até 18 anos até setembro.
Para ele, o calendário poderá ser antecipado com a chegada de novas vacinas
como a Janssen e Sputnik.
Para o professor, o estado deve
analisar os dados e começar e planejar a retomada integral das suas atividades
econômicas.
"O RN é um estado de
serviços, onde predominantemente as atividades são turísticas e de eventos.
Então precisa fazer um planejamento forte para que essa retomada seja segura e
o estado possa retomar suas atividades para a vida presencial e para a
normalidade", afirmou, ressaltando que esse ainda não é o momento de
"tirar as máscaras".
"Nós estamos no processo de redução da gravidade da doença no estado, mas ainda estamos no momento crítico. Ainda estamos acima dos 80% da taxa de ocupação. Se continuar com esse decaimento, é provável que a gente esteja abaixo dos 80% na próxima semana, mas precisamos do engajamento das pessoas, de continuar o uso de máscara e a vacinação", pontuou.
Vacinação
Segundo o sistema RN + Vacina, os
municípios potiguares aplicaram 1.328.495 vacinas até o início da manhã desta
quinta-feira (17). Ao todo, 936.288 pessoas tomaram a primeira dose no estado e
392.207 estão "totalmente vacinadas", por já terem recebido o reforço
da segunda dose.
O Rio Grande do Norte tem uma população estimada em pouco mais de 3,5 milhões de habitantes.
O estado começou a vacinação contra Covid-19 no dia 19 de janeiro. Inicialmente, apenas os grupos prioritários, como idosos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades foram imunizados.
Desde a semana passada, municípios potiguares começaram a abrir a vacinação para o público-geral, ao mesmo tempo em que continuam vacinando grávidas, puérperas e lactantes, trabalhadores da educação e outros grupos prioritários.
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