Justiça determinou o bloqueio de
mais de R$ 26,5 milhões das contas de pessoas e empresas investigadas por
suposto desvio de verba do Ministério da Saúde aplicada em um projeto da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - o "Sífilis, Não"
- coordenado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais).
Um dos alvos da ação é o coordenador
do Lais, o professor Ricardo Valentim. A ação na Justiça Federal teve o sigilo
suspenso após a Operação Faraó, deflagrada nesta quinta-feira (19) pela Polícia
Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF).
A investigação durou mais de
quatro anos. Segundo o que consta no processo, a apuração sobre o caso começou
em 14 de agosto de 2018, após uma denúncia ao MPF. São investigados crimes como
fraude à licitação, falsidade ideológica, peculato e lavagem de dinheiro.
A informação era de que o
proprietário de uma agência publicitária de Brasília teria feito "acordos
escusos" para celebrar um contrato de R$ 50 milhões com a Fundação
Norte-rio-grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec), fundação de apoio da UFRN,
destinado à realização de uma campanha publicitária sobre a sífilis.
A campanha era parte do projeto
“Sífilis, não!”. Segundo o MPF, a investigação reúne 50 volumes de documentos e
informações colhidas – algumas mediante quebra de sigilo de e-mails.
Nos documentos, os investigadores
encontraram "indícios veementes" de que a licitação para a
contratação da agência teria sido simulada, que a campanha publicitária
contratada teve valores superfaturados e que as peças publicitárias entregues
tiveram qualidade baixa em relação aos valores pagos. Ainda apontaram que
subcontratações foram direcionadas a empresas ligadas à própria agência.
Segundo a investigação, o valor
pago pelo poder público chegou a corresponder a R$ 221,78 por cada visualização
dos vídeos produzidos - valor muito acima do esperado. Por um vídeo de um
minuto, também com uma versão de 30 segundos, sem atores e apenas com uma
narração e uma apresentação, teriam sido pagos R$ 504,5 mil.
O MPF ainda questiona o fato de a
empresa contratada já ter um contrato com o Ministério da Saúde, por onde a
campanha poderia ter sido realizada, inclusive por que o "breefing" -
o material com as instruções sobre os vídeos - foi elaborado pela equipe de
comunicação do Ministério da Saúde.
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